Nas igrejas, casas, vilas e lugarejos mais longínquos é tempo de orações
Rezar o terço em família, durante todos os dias do mês de maio, é costume de quem mora no Interior. Na cidade, nas igrejas, nas vilas e nos sítios, cada vez que o relógio marca 18 horas, alguma família interiorana está reunida para as orações à Nossa Senhora, Maria, a mãe de Jesus, na crença dos católicos.
Durante a semana que passou, seu Manuel Zacarias, sua esposa dona Didi, seus filhos e alguns vizinhos mais chegados realizaram a tarefa de limpar os santos e arrumar o altar no canto da sala da casinha humilde onde residem, no pé do Alto do Cruzeiro, na periferia de São Caetano. Dona Didi é a rezadeira e puxadora de terço mais conhecida da região. Cerca de trinta famílias do bairro já foram selecionadas para reunir os amigos, a cada dia do mês de maio, para rezar o terço em louvor a Nossa Senhora.
Na frente da casa da rezadeira Dona Didi, tem um mastro com uma bandeira branca com uma cruz desenhada, simbolizando que ali reside uma puxadora de terço líder de uma família que ora unida. "Este é um costume quetrouxemos do Sertão do Araripe para que todas as pessoas que necessitarem de reza saibam que nós temos esta vocação e a fé em Deus nosso senhor", diz ela.
Nas igrejas, as noites do mês de maio constituem-se uma atração especial. Cada novena é organizada por uma família da cidade ou algum grupo representativo. É tradição no Sertão, os grupos que atuam na cidade coordenarem uma noite de orações. Esses movimentos são denominados de Noite dos Bancários, dos Estudantes, dos Servidores Públicos, dos Lavradores, dos Sindicalistas, das Famílias, dos Jovens e assim por diante.
Todos os anos na matriz de Belém de São Francisco, no Sertão, cada grupo representativo da sociedade é responsável pela "tirada do rosário". O mesmo acontece nas cidades da região, como Floresta e Santa Maria da Boa Vista. No Sertão do Pajeú, essa atuação é ainda mais forte, devido à Diocese de Afogados da Ingazeira, que tem o atuante bispo dom Francisco, uma das paróquias mais participativas. Nas cidades de Tabira, São José do Egito, Sertâniae Sítio dos Nunes, a devoção é das maiores. O mesmo acontece em Petrolina, Serra Talhada, Salgueiro, Triunfo, Ibimirim, Custódia e Arcoverde. Em cada uma dessas regiões, rezar o terço é tarefa de famílias, vizinhos e grupos de fiéis.
Nas áreas rurais é comum celebrar o mês mariano com procissões. O andor com Nossa Senhora visita uma casa a cada dia, onde são feitas as orações. No Agreste e Zona da Mata, o costume se repete. As famílias residentes em Arcoverde, Pedra, Venturosa, Alagoinha, Pesqueira, Belo Jardim, Sanharó e Caruaru também se organizam para rezar nas noites marianas.