A figura de São Paulo é, indiscutivelmente, uma das mais marcantes do Novo Testamento. Mas, quem é este que nos ensina ser necessário fazer de nossa vida a própria vida de Cristo? São Paulo é natural de Tarso da Cilícia, nasceu no ano 10 da nossa era e chamava-se Saulo. De família judaica, cresceu no meio espiritual do mais tradicional judaísmo, total e profundamente fiel aos ensinamentos judaicos.
Saulo foi um implacável perseguidor da Igreja Cristã. Pela leitura dos Atos dos Apóstolos, temos conhecimento de que ele presenciou o martírio de Santo Estevão, a primeira testemunha da fé cristã. Por suas violentas perseguições, Saulo era temido pelas primeiras comunidades cristãs.
Sua súbita conversão ao cristianismo ocorreu a caminho de Damasco, para onde Saulo tinha ido com a finalidade de prender cristãos e levá-los para Jerusalém. Por meio de sinais extraordinários que lhe tiraram a visão, Cristo lhe questionou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,4). Nesse momento, um clarão de luz inundou os olhos e a alma de Saulo e o fez perceber o mal que praticava.
Esse episódio em Damasco foi o pentecostes de Saulo, que posteriormente foi batizado por Ananias (At 9, 17-18). A partir daí, ele abandonou seu nome judeu para adotar o nome grego de Paulo. Após Damasco, Saulo deixou de ser o perseguidor dos cristãos e tornou-se um fiel propagador do Cristianismo. Ouçamos a narração de sua conversão: “Quando aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, parti para a Arábia e, depois, voltei ainda a Damasco. Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Cefas”. (Gl 1, 15-18).
São Paulo foi o único a ser proclamado apóstolo, com o mesmo título e a mesma categoria dos doze fiéis, que são os alicerces da Igreja de Cristo. Paulo, o apóstolo dos gentios, nos diz: “Sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus, sou o que sou e sua graça a mim dispensada não foi estéril.” (1Cor 15, 9-10).
Já em Damasco teve início a primeira pregação, defesa e difusão do Evangelho por meio de Paulo. Esse fato levou os habitantes da localidade a se questionarem: “Não é este o que devastava em Jerusalém os que invocavam o nome de Cristo, e que veio para cá expressamente com o fim de prendê-los e conduzi-los ao chefe dos sacerdotes?” (At 9,21)
As grandes missões do apóstolo dos gentios se iniciaram nos anos 45 e 46 D.C. Inicialmente, Paulo partiu em viagem apostólica para o Chipre, a Panfília, a Pisídia e a Licaônia. Paulo passou a ser um “soldado de Cristo”, um militante do Evangelho e um propagador de Boas Notícias e, por isso, sua vida é de total interação com a doutrina que prega. O seu amor por Jesus leva-o a se preocupar com a salvação de todos os povos. Ele nos diz: “Para os judeus, fiz-me como judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de salvar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo o custo. E tudo isso eu faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante.” (1 Cor 9, 20-23)
Paulo foi um grande apaixonado pelo ideal cristão e pelos ensinamentos de Cristo. Para ele, Cristo é tudo. Dessa maneira, a vida de São Paulo foi um constante serviço em prol da propagação do Evangelho e, nas pegadas por ele deixadas, germinaram novas comunidades cristãs. Paulo sempre manteve contato com essas comunidades por meio de cartas e, por isso, treze dos livros do Novo Testamento são formados por grupos dessas cartas paulinas endereçadas às comunidades ou pessoas por ele iniciadas na fé.
Por sua vida e suas missões, São Paulo é considerado um dos fundadores da Igreja de Roma. Foram essas missões que levaram Paulo a ser perseguido pelas autoridades romanas. Em diversos momentos, ele foi apedrejado, expulso das sinagogas e preso, mas nada disso o amedrontou ou enfraqueceu sua coragem. Paulo afirmava: “Se com Cristo morrermos, com Cristo viveremos. Se com Cristo sofrermos, com Cristo reinaremos.” (2Tm, 11-12).
A mais antiga tradição da Igreja relata que São Paulo foi martirizado em Roma, no ano 67 D.C. Por ser cidadão romano, São Paulo não foi crucificado, mas decapitado. Diante do martírio, o próprio São Paulo concluiu sua missão, afirmando: “Chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.” (2 Tm 4,6-7).
No dia 29 de junho, comemoramos a Festa de São Paulo apóstolo. Quantas lições podemos aprender com ele! O exemplo de São Paulo nos ensina a sermos fiéis a Deus e nos demonstra que a efusão da graça divina em nossas almas nos transforma totalmente. Peçamos então a São Paulo que nos ajude a cumprir a vontade de Cristo, que nos conduza na reta preocupação com o bem do próximo e nos fortaleça no constante serviço de conquistar almas para Deus