I PARTE: Visão global ou Panorâmica das Vocações
1- Vocação à existência: pedra, planta, animal, homem, anjo;
2- Vocação humana: Ser gente, pessoa. Nacionalidades. Sadio ou doente. Acordado ou dormindo.
3- Vocação cristã: “Enxertado” em Cristo. “Incorporado” em Cristo. “Batizado”. “Mergulhado” em Cristo. “Ramo na videira”. (Jo 15). Aspecto “individual”, “isolado”, “sozinho”.
4- Vocação“Eclesial”: “Igreja-povo”, “Igreja-comunidade”. Aspecto “comunitário”.
II PARTE: As várias e Diferentes Vocações na “Igreja-comunidade”
1- SÃO MUITAS AS VOCAÇÕES NA IGREJA.
Onde há um grupo de pessoas reunidas em “comunidade” , aí, necessariamente, há funções variadas e diferentes. Na família: pai, mãe, filhos (o mais velho...o caçula). Na empresa: gerente, diretores, funcionários. No corpo: as várias faculdades, os vários membros. E sempre diferente uns dos outros.
Cada um é “chamado” a desempenhar a sua função, que é sempre: pessoal, única e intransferível.
Assim, na “Igreja-comunidade”, na Igreja de corpo:
Cada cristão tem a sua função, a sua Vocação.
2- PROBLEMA E QUESTÃO FUNDAMENTAL:
Quem na Igreja tem esta “função”? Quem tem aquela ? Ou em outros termos: Quem, na Igreja, tem esta “vocação”? Que tem aquela ?
3- OBJETIVO DA PASTORAL VOCACIONAL:
Para responder a questão acima existe: a PASTORAL VOCACIONAL (PV)
OBS.: A Igreja permanece um grande “mistério”. Veja LG, o titulo do Cap. I: “O mistério da Igreja”.
III PARTE: As vocações e a Pastoral Vocacional a partir dos “Carismas”
A vocação é aqui considerada como vinda de Deus, vinda acima, vinda do alto.
1- Os “Carismas” como fundamento das diferentes vocações.
1.1- algumas passagens bíblicas que apresentam os carismas como fundamento das diferentes vocações na Igreja:
a. 1 Cor 12,4-30. Este apólogo do corpo, que compara a Igreja a um corpo único nos seus diversos membros, é texto-base para entendermos os carismas como fundamento das diferentes vocações.
Convém ressaltar estes versículos: 7,11,27,28
b. Outros textos : I Pd 4, 10-11; Rm 12, 4-8, Ef 4,11-13; I Cor 7,2 (com a nota da Bíblia de Jerusalém)
1.2- Concílio Vaticano II, no documento sobre a Igreja, “Lumem Gentium” (LG) 12b:
“Não é apenas através dos Sacramentos e dos ministérios que o Espírito Santo santifica e conduz o Povo de Deus e o orna de virtudes, mas, repartindo seus dons “a cada um como lhe apraz” (I Cor 12,11), distribui entre os fiéis de qualquer classe mesmo graças especiais. Por elas os torna aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para renovação e maior incremento da Igreja, segundo essas palavras: “A cada um é dada a manifestação do Espírito para utilidade comum” (I Cor 12,7). Estes carismas, quer eminentes, quer mais simples e mais amplamente difundidos, devem ser recebidos com gratidão e consolação, por que são perfeitamente acomodados e úteis ás necessidades da Igreja.
Os dons extraordinários, todavia, não devem ser temerariamente pedidos, nem deles devem pressurosamente ser separados frutos de obras apostólicas. O juízo sobre sua autenticidade e seu ordenado exercício compete aos extinguir o Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é bom. (cf. I Tes 5,12 ; 19,21).
1.3- Algumas conclusões:
Dos textos acima citados, podemos escolher as seguintes conclusões e ensinamentos:
a) Os carismas vêm de Deus, são dados por Deus, gratuitamente (I Cor 12,11;7,7; I Pd 4,10.11; Ef 4,7.11).
b) Os carismas são dados individualmente, a cada um dos cristão ( I Cor 12,11;7,7; Ef 4,7)
c) Todos os cristãos, sem excessão, recebe carismas ( I Cor 12,7)
d) Os carismas são uma capacidade de exercer uma função. ( I Cor 12,10; I Pd 4,10-11).
2. Deus chama dando os carismas e dando-os em silêncio.
2.1- Deus chama dando os carismas. Que significaria se eu desse a uma pessoa um giz e a outra desse o apagador ?
2.2- Em silêncio. Não mais como “chamou” Samuel ( I Sam 3,1-18) ou Saulo (At 9).
2.3- Quando? Não há clareza.
2.4- Conclusão fundamental para a P.V.:
é no silêncio e na oração que cada cristão deve buscar descobrir o seu carisma. Daí a importância do silêncio, e da oração já nos encontros, mas, sobretudo, nos retiros vocacionais.
3. Os carismas enquanto capacidade.
Os carismas são “capacidade”: I Pd 4,10-11.
4. Os carismas são capacidades “diferentes”: Ef 4,11.
5. Os carismas “diferentes” são fundamento das “vocações diferentes”: Veja Rm 12,6; Ef 4,11
6. Algumas diferentes vocações indicadas pelo Apóstolo São Paulo. Rm 12,6; I Cor 12,8-11; 12,29; Ef 4,11.
7. As 4 diferentes vocações na Igreja hoje
7.1- Inspirando-nos no Concílio Vaticano II, podemos distinguir, na Igreja, 4 grandes vocações:
1-Laical; 2- Sacerdotal; 3- Religiosa; 4- Missionária
7.2- Em cada uma destas 4 vocações, há como que, “subvocações”, isto, diferentes “modos” ou “diferentes estados de vida”, nos quais as 4 vocações podem ser vividas. Assim:
a) Dentro da vocação Laical existe: solteiro(a), o casado(a), o consagrado(a) no mundo.
b) Dentro da vocação Sacerdotal existe: Diácono, o Padre, o Bispo.
c) Dentro da vocação Religiosa existe a vida Religiosa de vida: ativa, contemplativa, mista...
d) Dentro da Vocação Missionária existe: o leigo(a), o Religioso (a), o sacerdote.
8- Uma PV a partir dos “carismas”.
Se considerarmos que:
8.1- Deus chama dando os “carismas”,
8.2- Os carismas são dados a todos e a cada um dos cristãos, sem excessão,
8.3- Os carismas são capacidades ,
8.4- Os carismas são diferentes ,
8.5- Os diferentes carismas são base das diferentes vocações ,
8.6- Deus dá os carismas “em silêncio”
Então devemos concluir que:
Em primeiro lugar, a PV deve partir do bom estudo e conhecimento da Igreja, para saber que a Igreja é assim: cada cristão tem seu carisma, sua vocação pessoal, única e intransferível.
Em segundo lugar, a PV deve levar cada cristão a fazer-se um grande questionamento: “qual ou quais os carismas que Deus me deu?
Em terceiro lugar, a PV deve ocasionar aos cristãos: encontros, retiros, em silêncio e em oração junto a Deus para que possam chegar a descobrir: qual dos carismas que Deus lhe deu.
IV PARTE: AS VOCAÇÕES E A PV A PARTIR DAS “NECESSIDADES E DESAFIOS” DA IGREJA E DO MUNDO
A vocação é considerada aqui como vinda dos homens, vinda do mundo, vinda de baixo.
1- A vocação como “serviço” de atendimento ou como “resposta” á necessidades e desafios da Igreja e do mundo.
1.1- A vocação é sempre “missão”, é “incumbência” a cumprir.
A vocação é sempre “para”, para “se fazer” para se fazer alguma coisa.
Não existe vocação para nada, para não fazer nada.
1.2- Exemplos Bíblicos de vocação e “missão”, vocação “serviço”, vocação “para”:
a) Abraão b) Moisés c) Jesus d) Os apóstolos (Mc 3,13).
2- Quais são as necessidades e desafios da Igreja e do mundo
2.1- Grupo de necessidade e desafios:
a) necessidade e desafio materiais: Gn 1,28; Rm 8,20-22; Ecologia.
b) necessidades e desafio humanos: a vida pessoal e social. LG 31,33,35.
c) Falta e deficiências humanas: os empobrecidos, injustiçados, marginalizados, desprezados, explorados, enfim, todos cuja dignidade humana é diminuída ou espezinhada.
2.2- Grupos de Necessidades e desafios:
“As multidões cansadas e abatidas, como ovelhas sem Pastor” (Mt 9,35-38; Jo 4,35-38).
2.3- Grupo de necessidades e desafios:
A visibilidade, o “espelho refletor”, o “sinal” das realidades invisíveis do reino de Deus (LG 44)
2.4- Grupo de necessidades e desafio:
O anúncio do Evangelho e a implantação da Igreja junto aos 3 bilhões e meio de irmãos que ainda desconhecem Cristo, o Evangelho e a Igreja.
3- As 4 vocações como entendimento ou resposta ás necessidades e aos desafios da Igreja e do mundo
Necessidades e desafios
3.1- Necessidades e desafios materiais e humanos: falhas e deficiências humanas:
Vocação Laical:
- santificar as realidades terrenas
- temporais e passageiras deste mundo em que vivemos.
- Transformar as realidades desumanas, injustas em humanas, justas conforme os princípios do Evangelho (LG 31,33; En 70)
3.2- Povo de Deus, as multidões cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor
Vocação Sacerdotal:
- Alimentar o povo de Deus
- Buscar as ovelhas
- Ser-lhes o bom Pastor.
3.3- As realidades invisíveis do reino. Como faze-las percebidas visualizadas, apreciadas, desejadas e buscadas.
Vocação Religiosa
- “Dar testemunho de que o mundo não pode ser transformado e oferecido a Deus sem o espírito das bem-aventuranças” (LG 31)
- -Ser “sinal” que pode e deve atrair eficazmente todos membros para cumprimento dos deveres da vocação cristã. (LG 44).
- sinal:- da vida futura, e na eternidade, da vida passada, do modo de vida levado por Jesus; da vida presente: Cristo vivente e presente e o espirito Santo atuante hoje.
3.4- 3 bilhões e 500 milhões ainda não evangelizados.
Vocação Missionária
4- Uma Pastoral Vocacional a partir das necessidades e desafios da Igreja e do mundo.
A PV a partir das necessidades e desafios da Igreja e do mundo deverá ser feita em dois grandes momentos:
1° MOMENTO; ver as realidades destas necessidades ou desafio, na Igreja e no mundo.
2° MOMENTO: questionamento geral:
a) pode? Quem vai? Eu? Você? Ela?
b) O quê? Eu vou entender a qual necessidade ou desafio? E ela irá atender qual terceira ou quarta necessidade ou desafio?
Em síntese: Quem vai fazer o quê? ou vamos ficar para sempre indiferentes? ou melhor: quem se sente chamado a fazer o quê?
Obs.: 1) Nesta IV Parte a Vocação a partir das necessidades ou desafios consiste essencialmente numa “provocação” vinda das próprias necessidades e desafios. Veja um exemplo típico de Moisés no Egito. Neste enfoque da vocação, quem “chama” para uma missão, para uma função, são de certo modo, as próprias necessidades e desafios.
2) A Vocação vista assim, vinda das necessidades e desafios, é fruto de um processo de uma “caminhada” que pode durar tempo, dias meses e até anos.
V PARTE: FUSÃO DE DOIS ENFOQUES DA VOCAÇÃO E DA PASTORAL VOCACIONAL
Dos expostos acima, sobretudo da III e IV partes, surgem algumas questões tais como:
1) Em vista da concepção de Vocação:
a) Questão: Qual dos dois modos de entender a Vocação é o mais certo? Aquele a partir dos “carismas”, ou o outro a partir dos “desafios e necessidades”? Por que?
b) Questão: Não são ambos igualmente verdadeiros e complementares? por que?
c) Questão: Podemos continuar optando só por uma, ou só pela outra maneira de conceber a vocação? Ou devemos aceitar ambas como complementares, convencidos pela verdade de ambas?
2- Em vista da Pastoral Vocacional:
d) Questão: É possível contentar-se com uma pastoral vocacional que só procura levar o cristão a descobrir os “carismas” que recebeu de Deus? Por que?
e) Questão: É possível contentar-se com uma Pastoral Vocacional que só procura analisar as “necessidades e desafios” da Igreja e do Mundo? Por que?
f) Questão: A Pastoral Vocacional deverá sempre dar atenção a ambos os aspectos: “carismas” e “Necessidades e desafios”? Por que?
3- Em vista de um encontro Vocacional:
g) Questão: Um conjunto de questões se colocam de uma só vez:
g.a) O que devemos ter em vista, ao planejarmos um Encontro Vocacional?
1) Carismas?
A pessoa de Cristo: “Quem me amar menos...”
2) Parte de Deus.
O que Deus quer de mim?
3) Levar os vocacionados a descobrirem seu carisma?
4) Apresentar-lhes as necessidades e desafios da Igreja e do Mundo?
g.b) O que é possível fazer num só encontro? Será necessário ou é dispersivo?
g.c) Que estratégia, dinâmica e recursos se deverão usar?
g.d) Que outras questões se deverão responder para bem programar e montar um Encontro ou alguns Encontros Vocacionais?
VI PARTE: A VOCAÇÃO ENQUANTO É A “RESPOSTA” O “SIM” DO VOCACIONADO
1) Sentido etimológico da Vocação
A vocação vem do latim “vocare”: chamar; “vocatio” chamamento, do ato de chamar.
2) Os dois conteúdos da vocação
Na vocação, no chamamento, no ato de chamar há dois aspectos:
a) Um aspecto “ativo”
Ex: a mãe chama o filho para almoçar. É a “vocação” vinda da mãe. É a “vocação” naquele que chama, ou melhor, é a vocação que “vem daquele que chama”
É a vocação-”chamado”.
b) Outro aspecto “passivo”
Ex: a mãe chama o filho para almoçar. O filho “responde” e vem almoçar.
É a “vocação” naquele que foi “chamado”
É a “vocação-resposta”, a vocação - “sim”.
3) A vocação- “resposta”, é a vocação-”sim”.
É a pessoa se “rendendo” se “entregando”, a quem chama. O filho, chamado para almoçar, se rende à voz da mãe que chamou.
Maria, chamada por Deus, através da voz do Anjo, se “rende” a Deus, se entrega totalmente como próprio de “escravo”. “Eis a escrava... Faça-se em mim conforme a tua vontade”.
Cristo obediente até a morte, e morte, não qualquer uma, mas, de cruz, por que este é o “mandamento” do Pai (Jo 10,18;14,31).
Saulo, Moisés, Samuel, os apóstolos, os Profetas...você...nós.